7 de jun. de 2013

Quando a culpa não nos deixa...

Dia desses, atendendo uma paciente, nos demos conta de que a culpa por um ato realizado no passado era sua maior fonte de sofrimento no presente. Embora ela afirme com todas as letras que não se arrepende do que fez há 20 anos atrás, disse que durante o reprocessamento, a imagem deste ato veio forte em sua memória, a fazendo sentir-se punida hoje pelo que fez no passado. Como se não tivesse o direito de ser feliz devido a esta atitude.

Isso é muito comum entre pessoas que sofrem. A culpa por um ato impulsivo, impensado ou muito bem planejado, não escolhe suas vítimas. A culpa é como o cupim, logo que começa a roer, ninguém percebe, só vai ficando um pozinho, um pequeno sinal de que está ali. Mas se nada é feito, com o passar do tempo, corroi de tal forma que torna-se impossível permanecer em pé.

Fico me perguntando como uma pessoa consegue viver com um peso destes no coração e na cabeça. O pior de tudo é achar que não tem o que fazer, que a dor nunca passará e muitas vezes só de pensar em se ver livre da culpa com algum tratamento psicológico, já se sente culpada por não sentir mais culpa. É complicado mesmo.

Mas tudo isso tem solução. É rápido, mais do que a maioria dos tratamentos, talvez em um mês ou dois, entre 4 e 8 sessões de EMDR, a culpa vai embora. Não sem dor, pois curar feridas abertas doi e doi muito! Minhas pacientes saem estrassalhadas da primeira consulta em que têm o insight de que é a culpa a causa dos seus sofrimentos. Saem mal também quando começamos a cutucar as feridas, mas geralmente depois da terceira sessão, já não choram mais, já não doi tanto. E assim, a dor vai ficando no passado, junto com a lembrança, cada vez mais apagada, fazendo parte de quem foram um dia e não de quem são hoje.

As feridas podem ser curadas, acredite! O que aconteceu não será apagado, mas você conseguirá ver aquilo de uma forma mais branda e sem culpa, entendendo que era o que poderia ter sido feito no momento. Você perceberá que aquela estado de espírito ao qual havia ficado fixado, e por isso ainda doía e influenciava sua vida até hoje, não terá mais força, não será mais senhor da sua vontade. Aquelas atitudes impulsivas, que lhe faziam agir sem pensar e se arrepender depois ou não entender o porquê de agir assim, poderão ser revistas, repensadas, planejadas e se quiser, poderá modificar seus comportamentos, pois não estará mais sob o efeito de uma dor, de um trauma. O lugar do fantasmas é o passado.