18 de jan. de 2019

Por que uma memória traumática não se apaga com o tempo

Existe uma ideia difundida de forma errônea que se deixarmos a experiência traumática guardadinha lá dentro de nós, um dia a esqueceremos. Mas, infelizmente, isso não vai ocorrer.
As memórias traumáticas afetam o corpo e a mente, gerando patologias mentais e físicas. Como se fosse uma grande fogueira, que alguns dias após o evento traumático se apaga, mas fica uma brasa acesa que com "qualquer ventinho" volta a arder em chamas. Esse "ventinho" são os gatilhos traumáticos como por ex., vivências semelhantes à cena original, sons, cheiros, imagens que ativem, no inconsciente, a memória traumática.
Este acionamento constante do trauma provoca retraumatizações ou o fortalecimento da memória base que aos poucos, se torna uma memória tronco, de longuíssimo prazo.
É isso que faz com que a memória ganhe cada vez mais força e não se apague com o passar do tempo.
Quanto da sua memória você está gastando protegendo lembranças dolorosas e difíceis?! Com o EMDR elas ficam exatamente onde deveriam, no passado. A técnica usada pela Terapia do Reprocessamento descongela as memórias traumáticas, deslocando-as do cérebro emocional para o racional. A dor e o medo vão embora e a vida segue sem a sombra do passado.



8 de jan. de 2019

As minhas dores... As suas dores

Olá! Como tem passado? Quero lhe convidar a fazer uma viagem para dentro de você. Venho pensando em quantas vezes já iniciei e parei terapia, com diferentes psicoterapeutas, dando diferentes enfoques, ora no pessoal, ora do profissional, ora no relacionamento amoroso... Isso nos ajuda a nos voltarmos para dentro e deixar de lado o exterior, o que os outros pensam de nós, o que os outros esperam de nós.  

Todos carregamos alegrias e tristezas, sucessos e frustrações. Todos rimos e choramos e tentamos ser fortes quando precisam de nós. Porém, muitas vezes, nós precisamos de nós mesmos e não damos a mesma atenção. Não conseguimos dizer “não” a alguém que abusa da nossa amizade ou da nossa dedicação, por medo de decepcionar o outro. Mas não temos medo de decepcionarmos a nós mesmos. Não conseguimos ignorar uma ofensa, uma risada irônica, uma provocação, porque precisamos provar para o outro, alguma coisa, provar que temos razão, que estamos certos, que somos fortes, que temos argumento... No entanto, agindo assim, perdemos o valor próprio, perdemos a razão, perdemos a postura, nos perdemos, nos magoamos e, muitas vezes, magoamos o outro. Você pode até dizer: “Não  nem aí se magoei aquele alguém! Ninguém mandou me tratar assim!” Mas depois o tempo passa e fica um gosto amargo na boca, uma sensação de desacomodação de que não precisava ter feito tudo aquilo. Isso porque a nossa consciência sabe o que é certo e o que é errado. E tratar os outros como não gostamos de ser tratados, não é legal. 

Temos o hábito de nos sentirmos injustiçados quando algo acontece conosco, quando somos fechados no trânsito, quando nosso filho sofre bullying, quando alguém nos ofende de graça. Mas dificilmente conseguimos aceitar quando nos criticam, quando nós estamos errados no trânsito, quando é o nosso filho (ou até nós mesmos) quem provoca o bullying e quando somos nós a ofender, desconfiar, magoar o outro. Afinal, temos o direito! Ou então, foi só uma brincadeira... Ou ainda, não estávamos bem aquele dia... Será? Temos o direito de tratar os outros e julgá-los como bem entendemos, por quê? 

Me dói andar pelas ruas e ver o quanto o ser humano é cada vez mais egoísta e nunca se coloca no lugar do outro. Me irrita e me incomoda mães e pais que só pensam no bem-estar dos seus próprios filhos e não nas outras crianças que frequentam a mesma escola, o mesmo clube, a mesma pracinha. “Ah, se meu filho não tem nenhuma necessidade especial, por que vou me preocupar com isso?”, “Se eu tenho um carro confortável e ando pela rua tranquilo, por que tenho que me preocupar com o outro que está no carro ao lado, na moto, a pé ou no ônibus?”... 

A minha dor é ver uma sociedade cada vez mais preocupada com valores que não são os mais importantes, deixando de lado o que realmente importa! Muitos ainda acham que o mundo é dos espertos, dos malandros, de quem dá o seu “jeitinho” pra conseguir o que quer. E por isso as coisas só pioram! A justiça é para me proteger, não para me acusar, mesmo se eu estiver errado. Triste, muito triste... 

Me dói ouvir/ver na clínica e nas redes sociais o sofrimento de pessoas despreparadas para enfrentar o mundo, porque os pais não souberam olhar para aquelas crianças e adolescentes e só pensaram em si! Geraram traumas, dores e sofrimentos a toda uma geração que agora anda por aí, frustrada, buscando satisfação imediata em tudo, se entregando a vícios e desenvolvendo aparelhos cada vez mais rápidos e evoluídos para corresponder às suas expectativas de progresso e agilidade. Mas a que preço?! 

Às vezes me deparo com um casal dentro do elevador, cada um no seu celular, enquanto um pequeno ser de 2 anos se pendura nas pernas de um e de outro. Daí me pergunto: como é essa família quando chega em casa, quando vão ao parquinho, ou estão na mesa de jantar? Será que vão ao parquinho?!! Jantam juntos numa mesa?!! Nossa, tudo isso me impressiona e me choca tanto! Para onde estamos levando nosso progresso social e material? Onde estamos deixando nossos relacionamentos, nossas trocas?  

Hoje em dia, se sentimos a falta de alguém, apenas mandamos um “Estou com saudades!” numa foto do face ou do insta da pessoa e tudo bem. Sinta-se beijada e abraçada, pois aquela amiga, vizinha, comadre ou irmã que antes vinha conviver com você, lhe olhava nos olhos e lhe abraçava forte, agora está declarando isso ao mundo, pelas redes sociais! Nossa que máximo!!! Desculpa, mas eu não acho. Ando triste com esse tipo de manifestação, vendo as pessoas que amo cada vez mais longe de mim, pois têm mil coisas para fazer e não têm mais tempo de vir tomar um café na minha casa. 

Essas são dores que carrego comigo e não é de hoje. Você já vem percebendo isso também? Tem olhado ao seu redor e visto de que maneira as pessoas têm se distraído, se divertido? Elas se fecham no seu mundo, com a cara no seu celular, em frente ao seu computador, como você está fazendo agora. Mas não pense que ler esse texto será mais importante do que brincar com seu filho, abraçar seu marido ou esposa que chegou da rua, prestar atenção no trânsito, pois o sinal já abriu, olhar para quem necessita do seu sorriso, da sua palavra de apoio... Que a minha dor, a nossa dor possa mudar o rumo com que as coisas estão evoluindo! 

Me conta aqui como você tem percebido isso ultimamente. Se você despertou para essa realidade ou se acredita que está tudo bem assim, que estamos no caminho certo. É importante pra mim, como observadora e interessada nas emoções humanas, saber como você se vê nesse momento evolutivo e como você está se preocupando com a sua evolução pessoal. 

Muito obrigada!