4 de mai. de 2018

Apresentando: O seu cérebro

Vamos conhecer hoje um pouco melhor nosso cérebro? 

Temos no cérebro, um Sistema de Processamento Adaptativo de Informação, que carinhosamente irei nomear de PAI. É no PAI que fica localizada nossa capacidade de deletar o que não é mais importante e salvar na memória aquilo que iremos precisar nos próximos dias. Isso tudo acontece durante o sono REM (estágio de movimento rápido dos olhos, que acontece várias vezes durante uma noite de sono). Neste momento, o cérebro tem a capacidade de pegar uma experiência ruim e transformá-la em aprendizado. Isso é o funcionamento normal do nosso cérebro, para todas as experiências. 

No entanto, algumas experiências vividas, com forte carga emocional, podem sobrecarregar o sistema PAI, impedindo que se alcance uma resolução. Em vez disso, o cérebro grava na memória a experiência da maneira como foi vivenciada, ficando tudo armazenado de forma crua, sem o processamento. E o que temos como consequência disso é que toda vez que entramos em contato com algo que o nosso inconsciente (ou até o consciente) percebe relação com a experiência vivida, automaticamente reage, pois as conexões cerebrais são realizadas antes que a pessoa possa pensar racionalmente a respeito. 

Outra complexidade dessa rede associativa é que o evento vivido é armazenado na memória pelo sistema de processamento de informação de forma isolada, não a integrando no sistema de memória geral (com cena, sentimento, sensação física, percepção, etc) e por isso é tão difícil curar algumas dores e marcas do passado sozinho. Esses acontecimentos ficam congelados no tempo e basta um simples "disparador" para voltarem com força total, sem nos darmos conta dos motivos, causando problemas emocionais e até físicos. 

O cérebro humano ainda está sendo estudado, mas muito já foi entendido, baseado em exames de mapeamento cerebral e em acompanhamento de casos com estresse pós-traumático, que possibilitaram estes registros. Se o cérebro não se adapta ao evento, cria uma marca, como uma "mancha", e ela não vai sumir sozinha, pois foi registrada fisicamente nessa estrutura orgânica. Apenas alguns tipos de tratamento podem ter tal alcance e resultados efetivos e uma deles é o EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento pelos Movimentos Oculares). Esta psicoterapia, descoberta na década de 80 nos Estados Unidos, atua exatamente na memória gravada de maneira torcida no cérebro e desloca (fisicamente) a memória doente para uma região mais adaptativa, mandando o estresse e a dor emocional embora. Isso foi comprovado por exames de imagem cerebral realizados antes e depois de uma sessão de EMDR. 

Portanto, é importante você avaliar o peso que as dores emocionais têm na sua vida. São pequenos pontos quase imperceptíveis, ou são fissuras que sangram cada vez que tocadas? E se alguém descobre essa fissura e usa para te ferir mais ainda, não apenas tocando sem querer, mas apertando ela numa discussão? A dor é muito maior, não é? 

Quanta energia mais você pretende despender para se manter sofrendo ao mesmo tempo que vai vivendo, amando, trabalhando e se relacionando? Energia que poderia estar sendo usada para você ser feliz! Será que não está na hora de repensar suas prioridades?