16 de fev. de 2012

EMDR e o fim do medo de altura em duas sessões

Atendi lá por agosto de 2011 um rapaz, com 26 anos, que me falou da única coisa que o deixava ansioso: altura. Trabalhava num prédio de dez andares e nem podia ver as pessoas próximas à janela.
Só de falar naquilo, ele já começou a suar nas mãos. Mostrou-me um vídeo que tinha no celular, de um rapaz fazendo malabarismos com uma bicicleta no alto de um prédio. Aquilo pra ela era muito angustiante de ver, de imaginar o perigo ali, mesmo que não fosse ele naquele prédio.
Tentei fazê-lo lembrar de uma cena onde o medo começou e ele se lembrou de uma vez, de quando tinha uns 10 anos, e estava na sacada da casa de uma prima. A crença negativa era: estou em perigo. Ele só chegara perto do parapeito da sacada e olhara para baixo, nada mais aconteceu. Dali em diante, passou a evitar lugares altos.
Fizemos uma sessão de reprocessamento e ele lembrou-se de várias cenas e vídeos que viu associados ao tema. Sempre suando nas mãos, o coração acelerado e uma ansiedade desconfortável. O nível de perturbação era 4, numa escala de 0 a 10, mas seu corpo reagia muito àquelas lembranças.
Ao final de uns 25 minutos de reprocessamento, ele já não sentia desconforto algum. Disse que pensar na cena da casa da prima não lhe remetia a nenhum medo ou insegurança, mas pensar em chegar à janela do 8° andar do prédio onde trabalhava lhe dava certo desconforto ainda.
Então, na próxima sessão, perguntei como havia ficado o medo de altura. Ele disse que a cena original não lhe causava mais desconforto. Mas ainda não conseguia chegar perto da janela de seu andar, onde trabalhava.
Trabalhamos esta cena. Pedi que pensasse nela e no que sentia fisicamente enquanto eu fazia os movimentos bilaterais. Depois de uma meia hora de reprocessamento, ele disse não sentir mais nada. Entendia que precisava de cuidado ao estar num lugar alto, como uma sacada aberta num 8° andar, mas que pensar naquilo já não lhe fazia suar, nem palpitar, muito menos se preocupava de ver alguém ali, como antes. Em sua imaginação, até se viu escorado no parapeito, conversando tranquilamente com colegas de trabalho, como vários faziam diariamente. Até olhar o vídeo que me mostrou na 1ª sessão não lhe fazia ter qualquer desconforto, físico ou emocional.
Fomos à sacada do meu consultório e ele pode contemplar a vista, sem sentir medo algum. Sentia-se liberto de algo que há muitos anos o incomodava. Não era um pânico, mas um desconforto e uma sensação de que se olhasse para baixo, ia cair. Tudo havia ido embora.

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