24 de fev. de 2012

Como é o tratamento usando EMDR?

Um tratamento com EMDR consiste em seguir um protocolo de 8 fases, que começa com uma sessão de anamnese, em que todos os dados da vida da pessoa que possam ser úteis ao tratamento, que tenham relação com o trauma, são expostos. Nesta primeira sessão, também é explicado o funcionamento da técnica e tiradas todas as dúvidas que o paciente
possa ter.
Num segundo momento, escolhemos qual estímulo bilateral o paciente se sente mais á vontade para usar, entre o visual, tátil ou auditivo. Também é instalado um lugar tranqüilo imaginário, para que o paciente possa se acalmar, tanto durante as sessões quanto sempre que precisar, no dia-a-dia, servindo como um recurso tranquilizador. Ainda nesta sessão, escolhemos o alvo a ser trabalhado, encontramos, junto com o paciente, as crenças positiva e negativa que existam envolvendo este alvo e medimos o grau de perturbação desta cena a ser reprocessada.
Se ainda existe tempo na sessão, iniciamos o reprocessamento, fazendo os movimentos bilaterais, previamente escolhidos, enquanto o paciente pensa na cena do trauma, ou do incômodo  que serve como alvo de trabalho. A partir daqui, deixamos que o cérebro dele cicatrize a ferida que foi impedida de se curar normalmente no momento da cena traumática. Enquanto fazemos a estimulação bilateral, estimulamos o cérebro a fazer a ponte entre os hemisférios direito e esquerdo, emocional e racional. Os movimentos são feitos por um tempo e depois perguntamos ao paciente o que veio à mente durante a estimulação. Isso se repete até que a cena não mude, ou que ele perca acesso á cena original do trauma. Neste meio tempo, o cérebro viaja, trazendo à tona lembranças que, muitas vezes, parecem não ter relação alguma com a memória traumática, mas que possuem alguma relação, seja por darem ao paciente a mesma sensação física, alguma lembrança visual semelhante, ou auditiva (tom da voz), enfim, qualquer um dos sentidos que foi exposto não só naquele momento do trauma, mas nas demais cenas que se seguiram e que se relacionaram.
Aos poucos, o paciente vai dessensibilizando o alvo, criando redes de cognições mais positivas e diminuindo a sensação incômoda da cena inicial. Geralmente, na medida em que o grau de perturbação vai diminuindo, a crença positiva vai aumentando. O objetivo é chegar com o grau de perturbação em zero e a crença positiva em 7, sendo assim considerada totalmente verdadeira para o paciente.
Numa sessão seguinte, fazemos a avaliação de como foi a semana ou os dias em que ele ficou reprocessando sozinho, pois no consultório iniciamos o trabalho e depois, em casa, quando o paciente dormir, seu cérebro tenderá a continuar o processo, limpando o que ainda falta, através de sonhos, lembranças ou tranquilizando mais a sensação ruim inicial. Isso se dá, pois o que forçamos durante a sessão é um reprocessamento que o cérebro está acostumado a fazer durante o sono REM, período em que elaboramos tudo o que vivenciamos durante o dia. Se nesta sessão, surgir algum incômodo da cena alvo, reprocessamos até zerar novamente. Nem sempre zeramos na primeira ou segunda sessão, pois depende de quantos canais de memória o alvo apresenta. Se for um trauma simples, geralmente em duas sessões se resolvem. Se tiverem mais canais, pode-se levar de quatro ou cinco sessões.
Depois de zerado, poucas são as possibilidades de aumentar a perturbação entre uma sessão e outra. O paciente supera o que há muito lhe perturbava.

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