14 de fev. de 2012

EMDR

O que é EMDR? EMDR é uma sigla da expressão inglesa Eye Movement Desensitization and Reprocessing, que em português significa Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares. Esta técnica de psicoterapia foi descoberta em 1986 pela americana Francine Shapiro meio que por acaso. Inicialmente foi utilizada para tratar Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) e traumas em geral. Com o passar dos anos e com o aprofundamento dos estudos e dos atendimentos clínicos, ela descobriu que o EMDR servia para tratar outros tipos de medos, pânicos, fobias, adicção a drogas, depressão, ansiedades e assim por diante. A técnica utiliza a estimulação bilateral através de um dos sentidos (visão, audição ou tato), como será explicada de forma pormenorizada mais adiante.

Segundo Francine (2007), o EMDR entra no Brasil na brecha da insatisfação com as psicoterapias tradicionais, que levam muito tempo e trazem poucos resultados para o tratamento dos traumas. O objetivo principal ao desenvolver esta técnica era trazer alívio imediato a sintomas como pensamentos intrusivos, flashbacks, distúrbios de sono e problemas de relacionamento, os quais os pacientes com TEPT vivenciavam diariamente. A autora percebeu que havia algo em nível de armazenamento da memória do trauma envolvida no processo e passou a se dedicar aos estudos do cérebro.

Quando uma pessoa passa por um momento muito estressante, doloroso ou traumático, armazena a memória daquela cena no hemisfério direito do cérebro, na memória emocional. Por não ter ligação com o hemisfério esquerdo, o da fala, a pessoa não consegue descrever o que passou ou o que sentiu, só sabe que é algo muito forte e que não tem palavras para explicar. Ao utilizar a estimulação bilateral do EMDR, o cérebro ameniza a carga emocional sentida, reprocessa o momento doloroso e as cenas traumáticas parecem mais distantes, mais leves e mais fáceis de serem explicadas dali em diante.

O trauma faz com que a pessoa crie cognições negativas acerca de si mesma e do mundo que a cerca, por exemplo: quem foi assaltado, crê que sempre estará em perigo ao sair na rua. É uma crença negativa do mundo e falsa aos olhos dos outros, mas muito verdadeira para quem sofreu o assalto. O EMDR também trabalha para reverter esta crença negativa em uma positiva, pois inclui, ao mesmo tempo, a dessensibilização e a reestruturação cognitiva de memórias e atributos pessoais. Outro exemplo é de quem foi abusado sexualmente e tem a crença de si mesmo de que foi culpado daquilo. O EMDR dessensibiliza o momento angustiante, fazendo com que aquela pessoa possa ter uma vida social e amorosa normal, sem a interferência daquele momento. Então, ele ainda reprocessa a cena no cérebro do paciente, fazendo com que ele se dê conta de que não teve culpa na verdade, mas foi vítima de uma pessoa ou de uma situação que não teve como se sair melhor.

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